segunda-feira, 29 de março de 2010

Os porcos gostam de sujeira?

16 horas do dia 29 de março. final de dia trabalhado.

Do outro lado da rua, uma criança linda de cabelos encaracolados, lourinhos... uns três anos devia ter. Bebia uma garrafinha de dolly cola, e sem mais nem menos jogou no meio da rua, a mãe que estava ao seu lado esperando pelo ônibus ficou olhando quase que curiosa, ou insatisfeita. Não sei dizer exatamente o que lhe passou á cabeça, mas na minha passou que ela a qualquer segundo lhe daria umas palmadas, ou mesmo uma sacudida, gritaria... enfim. Mas ela não fez nada. O ônibus não vinha, a rua estava quase deserta de carros, só tinha sujeira. E a garrafa de dolly, rolava pra lá e pra cá... dançava junto com o vento... no meio da rua, e eu olhei em volta e vi esgoto que descia de um terreno bem ao lado do ponto, vi bagaço de cana na sargeta, senti cheiro de urina, lixo... isso não seria uma novidade pois logo depois ao sair do Centro de Ensino Unificado temos quase um mini lixão. Nele sempre a visita de um cachorro, hoje era um com olhos claros, pêlo cinza, esqueci o nome. Mas é a segunda vez que o vejo revirando o lixo. Nele encontramos sem procurar muito pois está a quem quer ver... arroz, feijão, cascas de frutas, fraldas, filtros de café usados com a borra de café, restos e sobras... uma bela compostagem... isso quando não tem um caixote, um banco velho e quebrado, um pedaço de almofada suja. E logo do outro lado da rua essa criança, essa mãe, essa garrafa, este cachorro, este lixão. Eu passo por lá, todos passam... moradores, trabalhadores, crianças...

Na aula hoje numa discussão sobre mães e filhos, as crianças relataram em média 15 casos de filhos que xingavam, maltratavam ou até jogavam pedras na sua mãe ou pai, na maioria mães... um muito afoita pra falar contou que tinha um primo, era o melhor primo dela, ela tinha cinco anos e este primo era muito legal. Pois não é que o menino virou homem e junto com o crescimento virou bandido? Ele liga na casa dela de vez em vez ameaça a família, pede dinheiro para o pai dela e assim vai... ela contou isso como se fosse uma notícia da televisão... uma qualquer... o primo mais legal hoje ameaça sua família.

E eu me pergunto, os porcos gostam da sujeira ou estão acostumados com ela?

fui no ônibus pensando nisso tudo, olhei em volta e não consegui me acostumar com isso não, por isso cada vez mais não quero voltar.... mas quero que mude.... mas não quero voltar.

segunda-feira, 22 de março de 2010

a Morte da Maria Carolina ou só a Morte.

Morte é transição. mas quase sempre nos esquecemos disso ao receber uma notícia dessa. Fazem anos que não a vejo e sábado minha avó deu esta notícia. É meio bobo pensar que será que fez aquela doceira de mão cheia morrer assim. sem eu nem ter visto, nem lembrava dela.
Olha o egoísmo em relação á partida das pessoas! É sempre este papo: mas eu nem tive tempo de me despedir, mas eu lhe amava tanto, mas isso, mas aquilo. Sempre queremos quem morre pra gente. Claro se for uma pessoa querida. Um pai é sinal de que você vai ficar desamparado, uma mãe idem (eu mesma evito pensar na morte da minha avó pra não pirar, nem sei pra quem eu contaria sobre um novo trabalho, um novo acontecimento, pra chorar..) Na morte da minha mãe também é muito estranho.
As pessoas morrem e a gente se sente perdido no mundo.
As pessoas escolhem viver sua spróprias vidas e a gente se sente perdido no mundo.

Separação e Morte. Pensei sobre a similaridade dessas situações de vida.
e daí leio que a morte é passagem, é momentaneo. é necessário morrer para viver. Será necessário separar para viver? Não. mas sentimos assim muitas vezes. como se não houvesse mais escolhas.

Maria Carolina, mais conhecida como tia Maria, morava na rua da minha mãe, há muitos anos filha da tia Zumira. elas moravam numa casa tão bonitinha, eu queria ter uma casa dessas, a Tia Maria fazia salgadinhos e era filha de Yemanjá. virou budista depois de algum problema numa casa de Santo por aí, algum Candomblé, minha avó já me contou mas eu não me lembro da história.

Morreu de tuberculose. Já estava bem velha.
como minha avó falou: "dizem por aí que foi outra coisa" O que exatamente? "HIV...."

Mas com essa idade pegou como? Olha a resposta de outra pessoa: "De um namorado que andava com ela faz um tempinho..." a minha gente, é só a pessoa morrer pra falar que tem coisa aí no meio, a mulher já tava tão velhinha....

Morrer é poder mesmo. morrer a carne é podre, morrer na terra é muito podre, cheira mal, tem muita coisa envolvida, morrer e buscar as coisas do morto. Tem coisa mais estranha que se deparar com a roupa deixada sob a cama, o chimnelo no canto do quarto, o maço de cigarros que não terminou, pois se foi antes de acaba-lo?
Nem sei como lidar com este tipo de morte, falo sobre a passagem, mas viver a morte é muito complicado.

Prefiro não ir nem a velórios, nem a enterros. Não me esperem. Tchau Tia Maria.

segunda-feira, 15 de março de 2010

Carta a amarelo

Oi, eu não consegui ver seu e-mail, por isso vou escrever aqu mesmo, mas se você quiser mover isto pra outro lugar tudo bem também. Queria que fosse mais íntimo, menos exposição, porém precisava mesmo te escrever.


Já passaram 5 anos mais oumenos que não temos contato formal, como tinhamos antes, de conversa, de carinho, de risada. Hoje tenho família, assim como você. Cresci, "virei gente" e quero passar a minha vida sendo melhor pra mim e para os outros. Aos 16 anos como você sabe, criou dois adolescentes e segurou mais a onde de tantos outros que frequentaram sua casa (como eu), sabe que nesta idade pouco sabemos como encaminhar a vida de forma "segura", bacana e sem chutar os baldes do caminho. Mas eu passei ligeiramente desta fase e quero seguir em frente, e passar pela minha joven ainda, vida sem multiplicar qualquer que seja sentimento de raiva, ressetimentos, ódio ou coisas do tipo. Você foi e é exemplo de vida, que só descobri (sem tirar os exemplos adolescentes é claro!) hoje que tenho um filho, um companheiro...


Sua filha, filho, sobrinhos descobrirão este tipo de entendimento que estou falando daqui um tempo... você sabe o que é, e isso me reconforta. Escrevi para falar que eu entendi tudo o que aconteceu, entendi sua posição, entendi o que sentiu e posso dizer que estou agora escrevendo com compaixão. Não acredito em "desculpas" (palavras vazias) mas acredito em se colocar no lugar do outro. Hoje. Te envio de coração e com verdade os sentimentos melhores e que você possa recebe-los com verdade.

Ainda sei que deve ser difícil pensar nesta época, porém o tempo passa (ou não), mas pra mim passou muita coisa, e as que não passaram vão aos poucos no seu momento devido.

Um abraço e espero que entenda o que escrevi...

Ariane.

sexta-feira, 12 de março de 2010

Imagens em Ação!

Imagens de gente por escolas, metrôs, ônibus, sescs...curiosidade de gente...

sábado, 6 de março de 2010

Fuga: escolha, necessidade, consequencia...?

O nome do blog já indica uma vontade não permanente, mas que em algumas foi recorrente no pensamento de milhares de mulheres (já que sou uma e o blog se refere aos pensamentos e memórias de uma). Vamos olhar pelo prisma da fuga esta semana, e em varios momentos da historia de vida que tenho contado aqui.

Nesta semana no CEU que se localiza em um bairro que é situado em são Paulo, porém é como se fugíssimos de tudo aquilo que conhecemos, eu e meu colega ao fazer nscrições numa mesa para crianças participarem das atividades propostas nos deparamos com uma mulher de cheiro muito forte, os cabelos despenteados, faltavam alguns dentes e sua simpatia era incrível! Veio fazer a inscrição dos filhos e comentou sobre que uma dança, e até lhe rendeu 3 mil reais num concurso, a outra faz não sei o quê... e por último tirou a certidão de mais dois, filhos de criação. Perguntei sobre eles, como são, e tudo mais... como diz D. Giselda sabemos muito sobre os alunos no ato da inscrição. A mulher me contou que a mãe deles fugiu... abandonou as crianças á própria sorte. ela não é  familiar da moça, simplismente vivia perto e pegou estas crianças para criar. Já tem 3 anos o ocorrido e esta que fugiu, teve ao todo 19 filhos algus morreram de doença, e o que mais me chocou foi um que tinha deficiencia mental e física e a mãe não o limpava, consequencia? Como a narradora disse: "Os bichos comeram ele". Ela não lhe trocava as fraldas....
Outros filhos cada qual no seu mundo, cada qual que se vire. A mulher espera que tenha a guarda da última criança que nasceu, disse que o conselho tutelar já vai levar pra ela cuidar. Tem meses a criança.
Na vinda pra casa, como numa vontade de fugir deste lugar que esta não foi, nem vai ser a última história que vamos nos deparar na vida, eu pensei sobre as fugas de cada um. Seja a pressão exeterna "do mundo", seja da necessidade de se afastar por um sonho, ou por sonho nenhum por qualquer coisa... ou simplesmente aconteceu.. quando você viu já estava longe com outra vida.

Um outra colega e amiga do trabalho desenvolvido neste bairro tão peculiar o Jd Horizonte Azul, Vera Cruz, dentro do Jd Ângela.... comentou sobre um roteiro que tem vontade de falar, de mostrar no cinema. Falamos sobre o fato de ser mentira toda esta história de 19 filhos... mas não é não. Isso é mais comum que qualquer coisa. Existem essas variações de fuga. É possível fugir do espaço estando denro dele, ou permanecendo ao redor dele? Eu já vi e vivi vários momentos destes. A fuga do meu pai biológico é um exemplo, ele não esteve presente mas rodeava meus pensamentos, minhas histórias, minhas contradições, minha própria imagem. A fuga comedida da minha mãe.... numa conversa um dia em casa ela ao reclamar da situação crada sobre ela mesma, tive de falar que foi sobre sua própria escolha, a escolha de simplesmente deixar. É tão dificil falar em fuga, neste caso ela estava presente em momentos recortados.
A fuga das amizades tão conhecidas, de tanto tempo junto, tanta cumplicidade se esvai....nossa cabeça é incrível ela trama contra si. nossas vontades de fugir de si. Outra situação, é o medo de ser, o medo estar de atravessar a ponte como um amigo comenta sempre, este atravessar é o assumir o medo e suas inseguranças...
Se for pra escrever sobre as fugas de todos que conheço, vou encontrar muitos fujões! todos são.

terça-feira, 2 de março de 2010

Lembranças e comemorações

Algumas vezes tive estes momentos que marcam, algumas vezes não, muitas vezes.
Ja contei que no aniversário de 4 anos tive meu vestido queimado pela minha mãe, mas teve um final feliz!

Mas as coisas marcantes nos aniversários, além da ansiedade por saber se as pessoas iam dar parabéns, se recebesse presentes e essas coisas, era acordar com café da manhã na cama. Minha avó sempre que podia deixava ou trazia pra mim, meu café com leite e um pão com manteiga. era tão bacana, a gente se sente lembrado, acarinhado de um jeito que só as mães e avós sabem fazer. Em um dos meus anniversários, acho que foi o de 14 anos, tive um dia muito maluco, era quarta feira de cinzas, eu fui á missa, á casa dos meus amgos (ninguém estava), passeiei por toda a pça da árvore... e nada. No fim do dia tive uma surpresa os meus maigos fizeram um festinha, bem simples mas muito linda. Lembro bem disso.

Algumas lembranças são de junto á família, acordar as pessoas aniversariantes era o forte da minha tia mais velha, ela sempre foi família de carteirinha e gostava de fazer surpresas, uma vez ela enrolou um caco de vidro pra dar de presente pro meu tio. Ou então um bilhete super amoroso que minha mãe deixou pra mim.
Uma cesta de café da manhã, eu ganhei e meu irmão também.

As festinhas sempre foram engraçadas, a gente fica com frio na barriga, aquela vontade de gritar! Quanto ams velho, mais nervoso você fica, neste último fim de semana eu fiquei muito nervosa! Achei que meus queridos amigos não viessem, alguns realmente não apareceram (os justificados foram "perdoados"), porém quem estava fez sua presença marcada na minha memória. Cada um representava um núcleo de amigos, de uma fase da minha vida.
Tinha gente de 10 anos atrás que eu não via tanto hoje em dia, mas ouvir as músicas, dançar, falar foi bom demas. Outros de fases mais recentes que ligam á vida que tenho hoje, e os muito especiais e muito presentes, outros de trabalhos que já tive, outros de trabalhos recentes, todos especiais, com histórias e relações diferentes! Me sinto rodeada de amor. Mas é esse mesmo o espírito da comemoração pessoal. A família é fundamental, meu irmão estava todo irmão neste dia, a minha avó fez parte da minha fantasia.

Aos 10 anos, minah família organizou meu "ultimo" aniversário, eu ficava pensando, mas nunca mais vou ter festa? Eles diziam só com 15 anos. Ah meus quinze anos! Fizemos um baile com gente de preto, tocava Queen na minha entrada, um dança especial com o Bruno. Samba Rock ao invés de Valsa com emu padastro. Gostei tanto desse dia. Alugamos um vestido de noiva pra ser o meu de entrada.... num brechó é claro.
Sou da festa, espero por elas todos os anos. Ganhei um divindade nas costas, ela tem me protegido desde o nascimento, sou sua descendente e a homenagem foi feita.