quarta-feira, 21 de abril de 2010

o que se pode comprar? o que se pode mudar?

Quando eu queria alguma coisa que minha mãe ou vó não podiam dar eu não lembro exatamente minha reação, mas lembro da sensação de não poder ter. A minha avó falava assim: " ah filha vamos ver se a gente consegue a vó faz assim, faz assado e vê, se não der, deixa pra outra",... a minha mãe já falava assim: "a mãe vai comprar depois, deixa a mãe receber, aí você me fala o que precisa, vou ver se faço uma unha e escreve no papel o nome..." eu já sabia que não ia vir nada... e mesmo assim tive muita coisa que ela se esforçaram pra me dar. Mas mesmo assim hoje eu não sei bem lidar com esse dar... o dar pra mim tem que conquistar. Mas eu não me sinto conquistada me sinto tomada, comprada, quase á força. E pior é não ter coragem pra relatar o meu NÃO! é a Mari já hava comentado sobre os nãos da vida lá trás em outra postagem... pois então hoje, e em muitas vezes me sinti comprada, vendida á toa. Me senti submetida á venda pela felicidade de velhos e crianças, á venda pela não confusão, á venda pois os costumes aqui são esses.... Será que pode mudar? Não aqui os costumes são esses, e quem faz parte dele tem de estar á venda! Pela felicidade, não a minha....Essa aí nesta imagem sou eu, olhando eu mesma cair no chão igual aos touros nas touradas que se deixam levar pela "raiva" e depois são derrubados...
A sabedoria é não fazer fuzuê, mas pode fazer cochicho, zumzumzum... ai que bom seria poder.

quinta-feira, 15 de abril de 2010

Aos olhares alheios, são alheios, são curiosos, são fugitivos.

em uma das minhas viagens ao Jardim Ângela (mais uma vez este lugar), tive uma experiência intrigante.
Noônibus Terminal de mesmo nome que o bairro citado, comecei a desenhar as pessoas que estavam nele. E senti coisas que raramente havia sentido antes. Nem mesmo nos metrôs e neste mesmo transporte... enfim, o meu primeiro modelo foi um senhor que tinha uma carinha tão linda (do tipo bonzinho demais), que resolv que escreveria sobre ele, estava de frente pra mim, eu antes da catraca ele depois. um de frente pro outro. Foi então que comecei a observa-lo e desenhar, ele percebeu a observação e demonstrou um descontentamento, constrangimento. E eu mais ainda queria desenha-lo, foi então de tanto o desconforto em ser observado o rosto dele começou a mudar, colocou uns óculos que pareciam de mulher bem velha, e sua expressão ficou quase medonha, senti um energia estranha, ele olhando pra mim me encarando demais. Eu acabei de desenha-lo e comecei a observar outro homem que estava á frente dele, ele continuava me olhando, mas quase me encarando, e fazia umas caras estranhíssimas, um sorriso muito medonho. O dafrente logo que sentou dormiu. Musei de modelo, um homem que parecia mestiço - um tipo indígena- não sei bem, mas tinha uma expressão bem forte, e rígido...este se escondeu de mim logo que percebeu ser observado. Até que entrou no ônibus um senhor que devia ter seus 50 e poucos anos, bem arrumado, cabelo penteado. E deu uma piscadela, eu um sorriso. Daí comecei com desenho mais uma vez, foi o dia dos homens dos ônibus, pois então percebeu ser observado e começou a arrumar os cabelos, ajeitou o cinto, as calças, a camisa e ficou amis ereto. Quase tive vontade de rir, mas rir muito, porém mantive o controle. E continuei a desenhar, o moço queria espiar o desenho, esticava o pescoço... e de repente amoou, ficou estarnho, constrangido de novo, como se tivesse esperado que algo acontecesse e não aconteceu... ele tímido ficou até mais velho do que quando entrou e até exalava um perfume.
Ficou quase transparente.

sábado, 10 de abril de 2010

Contos de Góes

Contos de Goes:


Fuga ao contrário. Sabe que onde trabalho no período da manhã não é tão diferente. Trabalho na Defensoria Pública onde as pessoas carentes que não podem pagar um advogado são atendidas. Tem de tudo, pessoas pedindo pensão (maioria), homens querendo retirar a pensão alimentícia, outros com problemas criminais, e por ai vai. Mas um dia, um senhor de rua resolveu adentrar ali e eu fui a sortuda em atendê-lo. Não estou satirizando a palavra "sortuda", e eu digo que tive sorte, pois jamais encontrarei uma história como aquela. Um senhor de aproximadamente 50 anos, com aparência de 70, sujo, cheiro de urina curtida e roupa com catinga. Ele me disse que em determinado momento largou a família e os 6 filhos para viver uma aventura, e que se arrependeu, contudo a mãe dos filhos não o quis mais. Ok, até aí estava tudo dentro da normalidade da Defensoria. Foi quando ele ordenou: "moça, a mãe deles me botou no pau, e eu não me nego de pagar a pensão, só preciso que o juiz determina a conversão dos meus diamantes em em pecúnia, pois eu não sei quantos diamantes devo dar a ela". Minha primeira expressão foi semelhante a essa :o . E fiquei mais estarrecida quando o senhor resolveu me mostrar os diamantes dele: eram missangas!MISSANGAS. Eu juro por tudo que é mais sagrado nesta terra. Cheguei a ter dó, mas depois fiquei pensando em como o cérebro nosso é incrível. Tão incrível que um mendigo de rua, numa carência completa e uma tentativa de talvez fugir de um passado onde deve ter deixado àquela família de lado,começa a acreditar que pequenas missangas são diamantes, pois certamente ele quer ajudar seus filhos (que já devem ter por volta dos 30 anos e nem devem se lembrar de seu pai).
 
De minha amiga Graziela, nos conhecemos com 16 anos aproximadamente, ou 15?... no Brasílio Machado.
Estudamos, falamos, fomos.. tudo junto!

Um beijo,  uma caixinha de histórias!