segunda-feira, 28 de abril de 2014

Heranças? Estratégias ou Não ser forte pra não ficar só?

A cada mil lágrimas, sai um milagre?

meus olhos estão ardendo, não há milagre e sim claro sonhos de monte, aos montes, aos trancos e descendo barrancos, subindo ladeiras de preguiça com a linguiça, mostrando para cachorros e correndo até.............................................. dar aquela dorzinha no baço.

Mas você é forte.

Eu ouvi isso quando fui separada da minha vida a dois.
Eu ouvi isso quando reclamei de sei lá o que da vida pra não sei quem.
Eu ouvi isso na terapia.
Eu ouvi que eu tive que lutar muito pra estar aonde eu estava e ter o que eu tenho.
Apesar de não ter herança.
Apesar de dizerem que minhas armas tem que ser guardadas.
Minha guarda tem de baixar.
Mostrar que preciso de ajuda
Mesmo que eu deteste vítimas. Detesto gente que se queixa.  Sendo intolerante com choramingos.
Me sinto vítima, daquelas piores, chorona, cansada e sozinha.

A vitimização perfeita, daquela que você leva afago no rosto, carinho e condescendência.
Aquela que não querem te deixar dormir sozinha, porque ta frio.

Será que ser frágil, falar manso, "seja meiga, seja objetiva, seja faca na manteiga" me concede um lugar ao sol?

Ser forte e meiga. Guerreira e não mandar. Querer e não poder. Alegoria de semana, pré feriado.

Até hoje não entendi qual buraco as fadinhas, brancas, frágeis de cabelos louros e vermelhos, com faces róseas, olhinhos apertados e voz suave conseguem que eu não consigo.

Eu também queria um muffin desses... quem não? quero, como, lambo os beiços, tomo pra mim e ponto. Do que sobra esses docinhos fofos? Que tem mais além do chantilly e açúcar?

Cavalgo em tempestades, euforias rachadas, navego no Nilo. Amo tudo, amo mesmo. Amo gostoso. Raspo o prato, viajo, passo esponja, bato bolo e faço filho e escovo o corpo todo, tiro o sapato.

Quero que fique.
Se eu perguntar se sou boa, eu sei que sou, não precisa dizer.
Se falar que eu mexo gostoso, eu também sei. Sei tudo, sou petulante mesmo.
Me cala com calor.

Não some.

O que mais é preciso fazer?

Disse um dia o Jo:              dê menos.
Disse um dia o Mazarão:            dê, dê, dê, dê.    
Disse um dia o Duende:                     dê amor Arê.

E como eu fiz.....

Rastro disso na comida, no desenho, no não, no olhar, na cama, no cabelo, na palavra, no cheiro das dobras dos joelhos.

Mas pra que fazer propaganda? Disso eles sabem melhor que eu.

Soube que na lagoa, uma certa comunidade, mulheres bijagós podiam enfim falar, na Tina, cantavam umas as outras sobre estarem como estavam, no momento em que lavavam utensílios e roupas, cantavam, se estavam a dormir com o homem da outra, se sofriam por isso, qualquer angústia, era cantada e ainda é, na água da lagoa, na água da piscina,  lavando, deixando ir, batendo nas cabaças, dançando nas Tina´s, sabias, assim como as nossas lavadeiras, cheias de ladainhas.

Sem eu gritar, sem clamar em voz alta, minha abuelita me ouviu, sentiu de longe, pensou em mim o dia todo, me fará banhos, me lavará, mesmo sem herança, mesmo chorando do lado de lá da linha, que o lá não é muito longe, mas os sonhos são, os sonhos são.

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Detalhe Mulher Bijagó, abril 2014









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