sábado, 10 de abril de 2010

Contos de Góes

Contos de Goes:


Fuga ao contrário. Sabe que onde trabalho no período da manhã não é tão diferente. Trabalho na Defensoria Pública onde as pessoas carentes que não podem pagar um advogado são atendidas. Tem de tudo, pessoas pedindo pensão (maioria), homens querendo retirar a pensão alimentícia, outros com problemas criminais, e por ai vai. Mas um dia, um senhor de rua resolveu adentrar ali e eu fui a sortuda em atendê-lo. Não estou satirizando a palavra "sortuda", e eu digo que tive sorte, pois jamais encontrarei uma história como aquela. Um senhor de aproximadamente 50 anos, com aparência de 70, sujo, cheiro de urina curtida e roupa com catinga. Ele me disse que em determinado momento largou a família e os 6 filhos para viver uma aventura, e que se arrependeu, contudo a mãe dos filhos não o quis mais. Ok, até aí estava tudo dentro da normalidade da Defensoria. Foi quando ele ordenou: "moça, a mãe deles me botou no pau, e eu não me nego de pagar a pensão, só preciso que o juiz determina a conversão dos meus diamantes em em pecúnia, pois eu não sei quantos diamantes devo dar a ela". Minha primeira expressão foi semelhante a essa :o . E fiquei mais estarrecida quando o senhor resolveu me mostrar os diamantes dele: eram missangas!MISSANGAS. Eu juro por tudo que é mais sagrado nesta terra. Cheguei a ter dó, mas depois fiquei pensando em como o cérebro nosso é incrível. Tão incrível que um mendigo de rua, numa carência completa e uma tentativa de talvez fugir de um passado onde deve ter deixado àquela família de lado,começa a acreditar que pequenas missangas são diamantes, pois certamente ele quer ajudar seus filhos (que já devem ter por volta dos 30 anos e nem devem se lembrar de seu pai).
 
De minha amiga Graziela, nos conhecemos com 16 anos aproximadamente, ou 15?... no Brasílio Machado.
Estudamos, falamos, fomos.. tudo junto!

Um beijo,  uma caixinha de histórias!

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